domingo, 31 de março de 2013

PARTE 05


Eu acomodei Rose em uma das poltronas e lhe dei uma breve olhada, antes de me afastar. Ela parecia vazia e distante mas, mesmo assim, eu podia ver que ela já estava um pouco melhor do que quando eu a encontrei naquela casa. Eu imaginava que, chegando logo à Academia, ela se sentiria melhor, afinal era a única referência que ela tinha sobre estar em casa. Um dos guardiões do nosso grupo se aproximou.
“O quê falta para partimos?” Perguntei, antes que ele pudesse falar qualquer coisa.
“Todos já estão em seus lugares, mas o piloto precisa de autorização da torre de comando.” Ele respondeu.
“Precisamos ir logo. Estes garotos estão esgotados.” Falei tentando esconder a preocupação que eu sentia por Rose. Eu a observei novamente, e ela estava olhando fixamente para a poltrona da frente, com se pudesse ver algo ali. Senti meu coração apertar ainda mais. Eu tinha que suprimir, a todo momento, a vontade de abraçá-la e tentar cuidar dela.
Mia passou por mim, segurando um cobertor, que ela usou para cobrir Rose. Eu me admirei daquele gesto, uma vez que as duas não eram exatamente amigas. Eu realmente queria ficar para ouvir o que elas iriam conversar, até para entender melhor o que tinha acontecido, mas vi que Janine fez um sinal para mim.
“Ela ainda está em choque.” Ela falou, assim que sentei na poltrona ao seu lado.
“Sim. Ela está. Foi algo muito forte. Para qualquer um de nós, ainda mais para alguém tão jovem.”
Janine olhou para frente, pensativa. “Você se preocupa bastante com ela não é, Belikov?” Ela disse serenamente. “Rose teve muita sorte em ter você como mentor.”
“Eu também aprendo muito com Rose. Acredite. Ela é forte. Eu realmente espero que ela se supere, mais uma vez.”
“Os bons professores são assim. Ensinam e aprendem. Tudo é uma troca.” Ela suspirou. “Ao que parece, você é o mais próximo que ela tem de uma família. Ela confia em você e isso é bom. É uma pena que isso está prestes a acabar.”
Eu levantei uma das sobrancelhas, sem conseguir esconder minha surpresa, apesar do tom dela não demonstrar que ela tenha percebido meus sentimentos por Rose, eu me mantive reservado. Janine era sempre tão fechada, ela deveria estar bem sensível para falar assim da filha, principalmente comigo. Ela pareceu entender minha resignação.
“Bem, eu digo isso, pois comenta-se que você se tornará guardião da Lady Ozera.”
Novamente, percebi que tinha esquecido completamente de Tasha e toda sua proposta. Depois de tudo que tinha acontecido com Rose, aquilo tudo parecia ainda mais distante de mim agora. Como se pertencesse a outra pessoa, fizesse parte de uma outra vida, que não a minha.
“Guardiã Hathaway.” Mia colocou seu rosto de boneca, junto à poltrona, antes que eu pudesse responder o que Janine tinha falado. “Rose precisa falar com você.”
O rosto de Janine se iluminou e ela levantou rapidamente e foi para perto de Rose. Era como se ela estivesse somente esperando para ser chamada. Percebi que ela de fato amava a filha, mas não era acostumada a ter e nem a demonstrar sentimentos. Mia voltou para a poltrona dela, parecendo satisfeita.
Olhei em volta, pelo avião e lembrei da viagem de ida para o resort. Parecia que fazia séculos. Comecei a pensar em toda sucessão dos fatos, tentando reconstruir tudo mentalmente, quando ouvi soluços vindos do lado onde Rose estava. Eu me inclinei discretamente para avistar as duas conversando e, finalmente perceber que Rose tinha demonstrado alguma reação. Em pouco tempo de conversa com a mãe, ela desabou em um choro que pareceu durar quase a viagem inteira. Apesar de sentir um profundo aperto por ver que ela chorava, eu assumi que Rose estava precisando muito disso. Guardar tudo dentro de si era quase tão ruim quanto ter passado por tudo que ela passou.
Assim que chegamos à Academia, Rose e os demais alunos foram encaminhados ao posto médico onde receberam os cuidados da Dra. Olendzki. Nenhum deles teve ferimentos sérios, mas mesmo assim, foram mantidos em observação, mas não por muito tempo.
Em pouco tempo, os outros alunos começaram a retornar à escola e, com eles, alguns pais e outros Morois. Várias pessoas compareceram ao funeral de Mason. Rose participou da triste cerimônia realizada na capela, ainda apática, mas já dando sinais que estava se recuperando, para meu alívio. Mesmo assim, ela se manteve reclusa em seu quarto e eu a vi muito pouco, apenas o suficiente para constar que ela estava bem. Janine, ao contrário de mim, ficou o máximo que pôde com ela. Eu me surpreendi quando Alberta me contou que ela permaneceria uns dias com a filha.
“A Guardiã Hathaway solicitou alguns dias de licença.” Alberta falou, enquanto guardava uns papeis com assuntos administrativos dos guardiões. “Ela ficará na Academia até a cerimônia molnija de Rose. Acho que ela sentiu necessidade de cuidar da filha.”
‘Antes tarde do que nunca.’ Pensei, mas não disse nada, apenas assenti.
“A cerimônia está marcada para daqui há três dias.” Ela comunicou, antes de sair da sala.
Eu fiquei pensativo por uns momentos, sozinho naquela sala, revivendo mentalmente tudo que Rose tinha passado desde seu retorno à Academia, até agora. De como ela deixou a imagem de uma garota irresponsável para a imagem de uma garota muito admirada. Era como se eu pudesse vê-la amadurecendo dia a dia, para meu orgulho. Era como se fosse uma realização minha também.
Rose iria se tornar uma guardiã muito respeitada, eu sempre tive certeza disso, mas agora eu podia ver essa certeza também nos olhares das pessoas quando ela passava. Até aqueles que não acreditavam nela. A notícia de que ela tinha matado dois Strigois – e da maneira mais difícil – tinha se espalhado por todo mundo Moroi e deixado a muitos impressionados.
No final da tarde, quando eu cruzava o campus, na direção do dormitório onde ficava o meu quarto, eu encontrei com Tasha, que veio ao meu encontro. Eu tinha ouvido falar que ela tinha vindo a escola, assim que soube do resgate de Christian e também tinha a visto de longe no funeral de Mason, mas eu tinha sido consumido tanto pela preocupação com Rose como com meus afazeres comuns de guardião, que não tinha conseguido falar com ela.
“Dimka!” Ela me saudou sorrindo, sempre abertamente, sem a preocupação de esconder suas presas.
“Hey, Tasha!” Eu respondi animadamente. Ela era sempre uma pessoa boa de se ver. Era mesmo uma grande amiga.
“Não conseguimos nos falar desde aquele dia no hotel.” Ela disse, me fitando com seus grandes olhos azuis. “Eu ainda nem pude lhe agradecer por ter salvado meu sobrinho, por ter me devolvido ele são e salvo. Você não sabe o que isso representa para mim.” Seu tom era bastante comovido.
“Você não tem nada para me agradecer, Tasha. Eu apenas realizei o meu trabalho. Só isso.”
Ela sorriu novamente. “Sempre o trabalho, não é Dimka?”
Eu a observei por alguns segundos. Eu não podia mais adiar esse assunto. Nunca foi do meu feitio fugir de qualquer coisa que fosse desagradável, não seria agora que eu faria isso.
“Eu queria mesmo conversar com você, Tasha. Você tem um tempo para mim agora?”
“Claro. Podemos ir para a cabana. Eu permaneço hospedada lá, como antes da viagem ao resort.” Ela respondeu sorrindo ainda mais.
Eu lhe dei um curto sorriso e nós dois caminhamos com um estranho silêncio pela floresta, apenas com o barulho da neve sendo esmagadas pelos nossos pés.
“Não importa o quanto o sol brilhe, parece que o tempo nunca esquenta em Montana.” Tasha falou assim que entramos na cabana, já se dirigindo para acender a lareira. Realmente, o sol tinha aparecido estes últimos dias e não tinha nevado mas, mesmo assim, ainda não tinha sido suficiente para derreter todo gelo que nos cercava.
“É, talvez não nesta época do ano.” Respondi casualmente. Ela endireitou sua postura, me olhando com curiosidade.
“Mas não foi sobre o tempo que você queria falar comigo, não é mesmo?”
“Não, não foi.” Eu caminhei até uma cadeira e me sentei, mesmo sem ter sido convidado por ela a fazer isso. Então apontei a outra cadeira que estava à minha frente. “Por que você não se senta também, Tasha.”
Ela passou as mãos pelas pernas, esfregando as palmas, em um claro sinal de nervosismo. “Acho melhor preparar algo para bebermos primeiro. Um café ou chá? Talvez um chocolate quente?” Ela caminhou até a pequena cozinha. Eu a segui com os olhos.
“Não, eu não quero beber nada. Eu o que eu tenho para conversar com você vai ser breve.”
A apreensão dela aumentou e eu imaginava que era por causa do meu tom nada descontraído. Sempre que eu estava com Tasha, eu me sentia leve e conseguia agir com uma naturalidade que eu não tinha com as outras pessoas. Mas nesse dessa vez, era estranho. Eu não me sentia natural. Eu me sentia bastante tenso, na realidade. Ela era uma grande amiga e o que eu iria dizer a ela certamente a magoaria. Não era uma coisa que eu estava gostando de fazer, mas era preciso.
Ela finalmente sentou à minha frente e me olhou seriamente.
“Acho que temos algo pendente para resolver.” Comecei, tentando soar amigável. “Sobre sua proposta para eu me tornar seu guardião.”
“Sejamos honestos, Dimka. Não é só para ser meu guardião. É mais do que isso. É para nos tornarmos companheiros.”
Eu a observei por breves momentos, buscando as palavras mais brandas para não magoá-la.
“Eu não posso aceitar.” Falei diretamente, por fim. Ela abriu bem os olhos, como se aquela fosse uma resposta que jamais esperasse ouvir de mim.
“Como você não pode aceitar? Estes últimos dias você agiu como se isso fosse o melhor a ser feito, como se você estivesse totalmente inclinado a vir comigo, e agora simplesmente você diz que não vai aceitar?”
“Eu realmente ponderei a proposta, Tasha. Eu realmente estive inclinado a aceitar. É um bom caminho a se seguir. Mas não é o que eu quero para mim. E todos estes acontecimentos me mostraram isso.”
“Você não quer?” A voz dela saiu trêmula e levemente desesperada. “Você entendeu o que eu estou lhe oferecendo? Ser meu guardião seria somente uma desculpa, uma fachada. Eu estou lhe oferecendo a chance te ter uma família! De ser pai! Você entendeu isso, Dimitri? Ser pai! Quantos dhampirs têm a chance de ter tudo de uma forma simples desta?”
“Eu entendi perfeitamente sua proposta. Eu sei o que ela significa e o que representa. Aparentemente quem não entende é você. É uma boa proposta sim, mas não é um caminho que eu queira seguir. Eu estou realizado com a vida que eu tenho agora e nunca desejei ter mais do que eu já tenho.”
“Mas você pode ter!” O desespero que antes era brando, crescia nela. “Você não tem que abrir mão de uma coisa para ter a outra. Você ainda seria um guardião. Você ainda teria seu trabalho. Você não quer ao menos tentar?” Ela olhou para baixo, seus olhos enchendo de lágrimas. “Eu estou disposta a enfrentar tudo. O preconceito, a rejeição. Por você! Nós nos damos tão bem. Nós nos conhecemos há tanto, tanto tempo. Eu me sinto tão bem quando estou com você – e eu sei que você se sente bem comigo – porque não podemos sequer tentar?”
“Este é o problema, Tasha. Nós nos damos bem porque nós somos amigos. Somente amigos. Construir uma família, criar filhos, isso tudo exige mais do que um sentimento de amizade. Exige amor-”
“Mas eu amo você!” Ela falou imediatamanete.
“Mas eu não amo você.” Eu respondi quase que ao mesmo tempo que ela.
Tasha levantou os olhos de forma estupefata, mas sem conseguir falar nada. Assumindo que o pior eu já tinha dito, então continuei, sem mais medir as palavras.
“Eu lhe admiro, lhe respeito, acho você uma mulher incrível, mas isso não tudo não faz com que eu ame você. E eu não posso seguir com você e lhe dar o que você quer realmente. Você não me teria por completo e eu não me sentiria bem fazendo isso. Não é minha natureza fazer as coisas desta maneira.”
Ela respirou fundo, secando as lágrimas que saiam sem controle dos olhos. “Tudo bem, então. Vamos esquecer a parte sobre família e filhos. Você pode vir e ser somente meu guardião. Eu tenho vivido bem sem um, mas convenhamos, é tudo uma questão de sorte, já que não encontrei mais com nenhum Strigoi, desde...” Ela não continuou e não foi preciso. Ela se referia ao incidente que terminou com a cicatriz em seu rosto.
“Eu também não posso ser seu guardião. Eu já tenho uma protegida e também um trabalho para ser feito aqui na Academia. Eu preciso terminar de treinar Rose. Tudo isso que aconteceu em Spokane deixou claro para mim que eu tenho responsabilidade com ela e não posso deixar isso pela metade.”
Tasha me olhou de forma intensa. Ela não estava mais chorando, apesar de ainda parecer ferida. Ela não disse nada por um longo tempo e, aos poucos, aquele seu olhar e seu silêncio começou a me incomodar.
“Oh Deus.” Ela falou finalmente. “É verdade.”
Eu não disse nada e mantive meu rosto nulo de qualquer emoção. Foi a minha vez de a olhar com profundidade.
“Eu dizia para mim mesma que isso não era verdade.” Ela continuou. “Eu repetia e repetia. O tempo todo. Você é sério e centrado. Puramente racional. Jamais cometeria um disparate destes. Mas agora eu estou vendo que tudo que eu neguei para mim mesma era verdade e, céus! É tão claro.” Ela fez uma pausa e se inclinou na cadeira, ficando bem próxima a mim. “Você está apaixonado por Rose.”
Eu permaneci olhando para ela, sem conseguir falar nada, apenas assenti.
“Meu Deus! Como você pôde, Dimitri? Você é um adulto! Ela é só uma criança. Imatura e infantil! Como você pode gostar de alguém assim? Como você pode guiar sua vida por uma paixão insana dessas?”
“Por favor, Tasha. Não vou aceitar que você critique a mim e a Rose desta forma. Ela pode ter algumas atitudes imaturas e deve ter. Ela é jovem. E cada pessoa tem que viver as fases da vida sem atropelar as etapas. Mas mesmo assim ela é bem madura em muitos aspectos e capaz de entender –“
“Por favor digo eu, Dimitri!” Ela me interrompeu. “Você viu o que aconteceu em Spokane! Foi tudo culpa dela! Culpa da infantilidade dela! Mason está morto e todos eles quase foram mortos também e-“
“Eu não posso admitir que se atribua a Rose uma culpa que ela não tem.” Falei duramente. “Todos eles seguiram suas próprias escolhas. Todos eles agiram com imaturidade. Mas mesmo assim, Rose ainda mostrou que conhecia o seu dever, quando matou aqueles dois Strigois. Eu acho que ela já teve a punição pelos seus atos e aprendeu com isso tudo. Você deve saber melhor do que ninguém que ela levará isso por toda a vida agora.”
“Ok, ok.” Ela disse se levantando e caminhando até uma pequena janela. “Mesmo assim, isso não muda o fato de você –“
“Este é outro ponto, Tasha. Eu sei o quanto esse sentimento é perigoso e prejudicial. Não preciso de ninguém para me dizer isso. Mas foi algo que eu não pude evitar ou controlar. E a cada dia, cada momento, eu repito para mim mesmo que eu não posso e luto contra isso. O tempo todo. Mas não adianta. O que eu sinto por ela cresce dia a dia e de forma livre e descontrolada.” Eu falei com toda sinceridade que eu tinha. À estas alturas não havia mais nada para esconder de Tasha e, para ser sincero, me sentia até aliviado por poder falar sobre isso com alguém. “Eu não posso viver um romance com Rose. Eu sei disso. Mas isso não quer dizer que eu consiga viver longe dela. Eu não consigo simplesmente seguir com a minha vida e deixá-la para trás. Por isso não posso ir com você. Por isso não posso aceitar sua proposta. Nenhuma de suas propostas. Eu preciso estar perto de Rose, mesmo que não possa tê-la.”
Um silêncio quase interminável se fez depois do que eu havia falado. Tasha olhava fixamente para o chão como se ali ela pudesse encontrar as respostas para as perguntas que sua mente certamente estava fazendo. Eu buscava algo mais para dizer, mas nada do que me vinha soava diferente do que já tinha sido dito.
“Eu jamais esperava ouvir isso, Dimitri. Não de você.” Tasha finalmente falou. “Eu juro que esperava que você falasse que não poderia aceitar minha proposta por qualquer outro motivo. Talvez por causa do trabalho. Talvez por causa da sua família. Talvez por vontade de voltar para Sibéria. Qualquer motivo.” Sua voz saia com um leve tom de decepção. “Menos isso. Você, de todas as pessoas. Tão racional, tão sério, tão imparcial, tão estóico. E mesmo com tudo isso, você me apresenta uma razão puramente emocional e sentimental. Uma paixão! Por uma garota adolescente! Dimitri, isso é um grande absurdo, se vindo de alguém como você.”
“Tasha, eu –“
“Não, Dimitri.” Ela me interrompeu. “Você já se justificou para mim. Você não vai acrescentar nada do que você já disse. Não preciso ouvir mais sobre seus sentimentos por outra pessoa.” Ela me olhou bem nos olhos. “Eu não entendo isso. Não posso entender.” Então ela deu um longo suspiro. “Mesmo assim, eu aceito. Não é algo que eu possa mudar, não é mesmo. Não posso lhe forçar a nada. Nós não podemos controlar este tipo de coisa, eu sei bem disso por que não consigo controlar o que eu sinto por você. E é por causa do que eu sinto que eu quero que você seja feliz. Se você acha que é melhor para você viver assim, eu não vou questionar.”
Senti a surpresa correr por mim. De repente, ela pareceu totalmente conformada, deixando a imagem de mulher ferida e retomando aquele ar amigável que ela sempre tinha. Mesmo assim, eu não conseguia deixar de me sentir um pouco constrangido. As palavras indignadas dela me atingiram, mas mesmo assim, não deixei transparecer isso.
“Eu realmente espero ainda poder contar com sua amizade.” Eu falei simplesmente.
Ela deu um pequeno sorriso. “Claro, Dimka. Eu morreria se não tivesse ao menos isso.”
“Eu provavelmente deveria ir agora.” Falei, me levantando e indo até a porta. Ela me acompanhou e nós nos despedimos secamente. Eu ainda não conseguia agir com naturalidade.
Enquanto eu caminhava de volta à Academia não conseguia parar de pensar em toda aquela conversa. Apesar de Tasha afirmar que tudo não passava de uma insanidade, eu me sentia aliviado e tinha a certeza de ter feito a coisa certa. Eu sabia que estava indo à contra mão de tudo que eu acreditava e de tudo que eu havia planejado para mim, ainda assim, essa decisão de ficar parecia uma das melhores coisas que eu tinha feito recentemente.

Eu não vi Rose nos dias que antecederam a sua cerimônia molnija. Ela permaneceu bastante isolada e eu achei melhor não procurá-la, apesar de sempre ter notícias dela. Janine ficou na Academia e deixar que uma aproveitasse a presença da outra pareceu a decisão mais acertada.
As cerimônias moniljas nunca aconteciam em clima de festa. Todos os guardiões sabiam que para ter suas marcas, primeiro se carregaria o peso de uma morte. Mesmo sendo uma morte de um Strigoi. O pesar era sentido pelas pessoas que eles foram algum dia. Aquela manhã, o sol brilhou forte. Era um clima diferente para a região, que sempre tinha invernos rigorosos. O gelo que derretia deixava tudo à nossa volta molhado. Todos os guardiões da Academia compareceram ao salão nobre onde sempre realizávamos qualquer evento. Vários grupos se formavam à medida que as pessoas chegavam, mas sem que conversas altas fossem ouvidas. Eu estava em um desses grupos, quando Janine se aproximou de mim.
“Eu nunca pensei que Rose recebia essas marcas tão cedo.” Ela falou em tom de negócios, sem dar qualquer cumprimento prévio. “Na verdade, eu sempre temi seu futuro. Sempre temi que ela não quisesse seguir a carreira de guardiã. Você sabe...”
“É natural que os pais se preocupem com o futuro dos filhos.” Falei mantendo minha postura estritamente profissional. Confesso que não gostava muito de falar de Rose com Janine, eu sempre tinha a impressão que a qualquer momento ela poderia perceber os meus sentimentos pela filha dela.
“Claro. Mas em se tratando de Rose, a preocupação deve ser redobrada. Ela é impulsiva e rebelde e o fato de ser bastante bonita só piora tudo. Quando ela fugiu com Vanilisa, pensei que nunca mais fosse vê-la novamente. E no entanto,” ela apontou com o dedo em volta do salão. “Estamos nós aqui, para lhe oferecer uma cerimônia de honra ao mérito.”
Eu senti que podia começar um longo discurso sobre toda capacidade de Rose, mas me detive assim que a avistei entrando no salão. Ela tinha seus cabelos soltos e seu semblante estava bastante triste. Seus olhos denunciavam que ela havia chorado, mas mesmo assim ela tinha o rosto erguido, passando uma estranha sensação de superação. Ela tinha seu mesmo jeito de garota, mas algo havia mudado dentro dela que demonstrava um grande amadurecimento. Isso me deixava orgulhoso e preocupado ao mesmo tempo.
Assim que ela entrou, todos se alinharam em perfeitas fileiras e a observaram em silêncio. Eu podia ver que todos a olhavam com bastante respeito e, muitos deles, com admiração. Janine a acompanhou, permanecendo sempre ao seu lado. Quando a cerimônia começou, Rose se sentou em um pequeno banco, se inclinando para frente, de forma que seus cabelos cobriram todo seu rosto. Lionel, o guardião que era treinado para desenhar as tatuagens, se posicionou e observou, com um ar intrigado, o local onde seriam feitas as marcas.
“Ela não tem uma marca da promessa.” Ele falou baixo, mais foi totalmente audível pelo salão, já que o silêncio reinava. “Ela ainda não se formou.”
“Isso pode acontecer.” Alberta disse da forma prática dela. “Ela os matou. Faça as marcas monijas agora e a da promessa ela receberá quando se formar.”
Ele obedeceu e em poucos minutos, havia acabado. Depois ele entregou um espelho para que Rose pudesse ver o resultado. Ela se posicionou e olhou as marcas com uma serenidade que eu jamais esperaria dela. Eu tinha que admitir que Rose me surpreendia com os mínimos gestos. Eu realmente espera que ela fosse sorrir de satisfação, mas não. A tristeza ainda era latente nela.
Logo depois, uma longa fila de cumprimento se formou e, um a um, todos a cumprimentaram. Cada pessoa a seu estilo. Uns pareciam felizes, outros davam apenas pequenos apertos de mão. Eu esperei pacientemente a minha vez, com Alberta ao meu lado. Ela não falou nada, mas eu podia ver que o orgulho também brilhava nela.
“Bem vinda ao ranking.”Alberta disse, dando um abraço apertado em Rose.
Quando parei em frente a Rose, senti meu coração disparar. Ela me olhou profundamente, como se pudesse ver todo o sentimento que eu tinha e me esforçava para esconder não só dela, mas dos demais que estavam ali. Eu realmente tinha vontade de lhe dar um grande abraço, mas consegui me impedir de fazer isso. Eu compartilhava tanto aquela conquista junto com ela que eu me sentia como se eu mesmo tivesse recebido aquela homenagem. Nós trocamos um rápido olhar e pareceu que só havia nós dois ali. Percebi que os olhos de Rose se encheram de lágrimas e tudo que eu pude fazer foi lhe dar um sutil toque em sua bochecha. Eu acenei para que ela soubesse que eu sentia o mesmo por ela e me afastei rapidamente, antes que meu controle desabasse e me posicionei em um canto do salão, onde fiquei observando Rose de longe, enquanto um Buffet foi servido.
Nós interrogamos Christian, Mia e Eddie e conseguimos finalmente juntar as peças que faltavam do grande quebra cabeça que foi o acontecimento de Spokane. Realmente tudo tinha iniciado por causa da falta de sigilo de Rose pelo que eu havia lhe contado sobre os Strigois. Ainda assim, ela não podia ser culpada por tudo. Cada um deles teve liberdade para decidir o que queria fazer. Todos os guardiões que acompanhavam as investigações foram unânimes em afirmar que a atitude de Rose em ir atrás deles, apesar de impensada e imatura, foi heróica e corajosa. O caso foi arquivado sem culpados e sem punições. O desenrolar de tudo já podia ser considerado um grande aprendizado para eles. Também concluímos que o Strigoi, que foi morto por Rose, tinha grandes chances de ser o líder deles e aquele que estava comandando todos estes ataques. Ele se chamava Isaiah e era bem conhecido por ser antigo e sanguinário. Claro, todo Strigoi era assim, mas entre eles sempre havia uns que se destacavam mais que outros, e suas histórias chegavam ao nosso conhecimento. Com a morte do líder, os Strigoi se desarticulariam e, por serem muito desorganizados, levariam muito tempo para retomar os ataques.
As aulas já haviam iniciado e, aos poucos, os alunos começaram a esquecer tudo que tinha acontecido, apesar de ainda se ouvir muitos comentários pelos corredores. O campus ainda tinha muita gente de fora, muitos pais que ainda aproveitavam estes últimos dias para passarem com os filhos.
Eu estava me dirigindo para uma das minhas atividades de rotina, quando passei por um dos jardins da Academia e senti um forte cheiro de cravo da índia. Imediatamente Adrian Ivashkov me veio à memória. Percebi que meus sentidos estavam certos quando o avistei, em pé, junto a uma pequena fonte que estava congelada. Ele também me viu e acenou. Eu apenas o cumprimentei e tentei passar sem mais reações, quando ele me chamou.
“Hey, Guardião Belikov!” Sua voz era preguiçosa como sempre.
“Lord Ivashkov” Eu lhe devolvi o aceno respeitosamente e continuei andando.
“Eu fiquei feliz em saber que você mudou de opinião sobre o espírito.”
Eu parei bruscamente e ele, parecendo perceber meu rápido susto, continuou. “Eu soube que você reconsiderou o que eu lhe contei sobre a localização de Rose e conduziu as investigações com base nisso. Devo reconhecer que foi... corajoso de sua parte. Poucas pessoas me levam a sério.” Ele deu uma longa tragada em seu cigarro e sorriu.
“Sua informação, apesar de pequena, foi bastante relevante, devo reconhecer e lhe agradecer.” Eu disse, sem qualquer entusiasmo. Ele continuou sorrindo.
“Ele ainda é muito desconhecido. Você sabe. O espírito.” Por um instante a voz dele pareceu receosa. “Eu ouvi falar do que tinha acontecido entre Lissa e Victor Dashkov e fui encontrá-la naquele resort.” Ouvir aquelas palavras me trouxe uma onda de alívio. Eu agora sabia que o objetivo principal dele não era Rose e sim Lissa. “A possibilidade de conversar com alguém,” ele prosseguiu, “que é como eu, me deixou empolgado.”
Ele fez uma pausa olhando para cima, erguendo o rosto como se tomasse sol. O detalhe era que era noite.
“Eu realmente gosto do clima de Montana. Vai ser uma estada interessante.”
“Como?” perguntei me sentindo intrigado.
“Eu obtive uma autorização para passar esse semestre na Academia. Vou estar como hóspede, é claro. Assim eu posso trocar experiências com Lissa. Há pouco tempo atrás eu fui considerado um Moroi que não desenvolveu a magia. Acho que eles querem redimir isso. Na verdade, será uma troca, já que ninguém sabe muito sobre o espírito, eles podem aprender conosco também.”
“É, provavelmente será interessante. Para ambos.” Falei sem querer demonstrar qualquer sentimento.
“Interessante é a palavra.” Ele sorriu largamente. “Todo lugar onde Rose está se torna interessante.”
Eu respirei fundo, me esforçando para não aceitar aquela provocação.
“Eu realmente preciso ir. Tenha um bom dia Lord Ivashkov.” Eu disse, já me afastando, mas antes, me virei a tempo de vê-lo acender um novo cigarro. “E... não é permitido que estudantes fumem no campus.” Falei e comecei a andar novamente.
“Eu não sou um estudante, Guardião Belikov! Estou aqui como hóspede, lembra?” Ele respondeu debochadamente e eu não olhei mais para trás.
***
Eu havia marcado o reinício das aulas prática com Rose, no momento em que tinha me reunido com os demais professores da Academia para planejar o novo semestre que começava, mas eu de fato não tinha comunicado nada oficialmente a ela sobre a data, mas certamente ela teve acesso ao calendário das aulas.
No dia agendado, fui até o ginásio e segui até o quarto de suprimentos onde nós sempre nos encontrávamos para os treinos. Eu não tinha certeza que ela viria, pois a vi muito pouco todos estes dias e, mesmo assim, so a cumprimentei de longe e não foi nada que permitisse que eu trocasse qualquer conversa com ela, mas algo me dizia que ela estaria presente.
Eu olhei em volta do quarto e não retirei nenhum equipamento para treino. Eu tinha passado estes dias pensando e pensando em tudo que tinha acontecido e estava sentindo uma imensa necessidade de conversar com Rose sobre tudo. Conversar abertamente, de igual para igual, sem qualquer provocação, sem qualquer máscara. Eu nunca tinha tentado isso, mas sabia que era perfeitamente possível. Como ainda faltava um bom tempo para que ela chegasse – caso ela viesse, é lógico – puxei uma cadeira e tentei me concentrar na leitura de um dos livros que eu havia ganho de Tasha no natal. Isso sempre me distraía e acalmava mas, dessa vez, não estava surtindo efeito. Por mais que eu tentasse me concentrar, meus pensamentos insistiam em retornar ao que eu queria conversar com Rose.
Senti uma sensação fria e quente correr pelo meu corpo, assim que vi a porta se abrindo e Rose passando por ela. E, como sempre acontecia, sua beleza me golpeou, antes de qualquer coisa. A sensação que eu tinha era que não a via por muito, muito tempo.
“Eu imaginei que você viria.” Eu falei imediatamente, colocando um marcador no livro, tentando esconder meu nervosismo.
“É hora de treinar.” Ela disse e eu não consegui identificar qualquer sentimento em sua voz ou em suas feições.
Tentando manter a naturalidade, balancei negativamente a cabeça. “Não. Nada de treino hoje. Você precisa se recuperar.”
“Eu estou com uma ótima saúde.” Ela falou firmemente. “Estou apta para treinar.”
Eu apontei a cadeira próxima a mim. “Sente-se, Rose.”
Rose me olhou, com hesitação por poucos momentos, e sentou com cautela na cadeira que eu tinha apontado. Eu puxei a minha própria cadeira, de forma que pudemos ficar frente a frente. Ela me olhou fixamente, enquanto eu buscava as palavras certas lhe falar.
“Ninguém supera sua primeira matança... uma matança... fácil. Mesmo matando um Strigoi... bem, é tecnicamente tirar uma vida. Isso é difícil. E depois de todas as outras coisas que você passou...” Eu acenei, ainda tateando com as palavras na minha mente. A sensação que eu tinha era que se eu não me impedisse, as palavras sairiam descontroladamente. Eu olhei para suas mãos, então, impulsivamente eu segurei a sua mão direita, apertando bem com a minha. Apesar dos treinos pesados, sua pele era fina e macia.

Eu olhei para seus olhos castanhos. Era como se eu pudesse ver novamente tudo que tinha acontecido, se passando por minha mente, como um filme acelerado. Eu podia experimentar de novo tudo que eu tinha sentindo, inclusive o medo de perder Rose.

“Quando eu vi seu rosto... quando eu lhe encontrei naquela casa... você não pode imaginar como eu me senti.”

Ela engoliu, com me olhando completamente compenetrada. “Como... como você se sentiu?”

Eu realmente não tinha mais vontade de esconder nada dela, estando ali, com Rose na minha frente, qualquer tentativa de trancar tudo que eu sentia parecia tola.

“Devastado... aquilo me machucou. Você estava viva, mas o jeito que você estava... eu não pensei que você fosse se recuperar. E isso me arrasou, ainda mais quando eu penso que isso aconteceu com você, assim tão jovem.” Eu apertei sua mão. “Você vai se recuperar – eu sei disso agora e fico feliz por isso. Mas você ainda não conseguiu. Ainda não. Perder alguém que você gosta nunca é fácil.”

Ela olhou tristemente para o chão. “Foi culpa minha.” Sua voz era baixa como um sussurro.

“Hum?”

“Mason. Ele ter morrido.”

Novamente, senti meu peito doer com aquilo. Rose parecia comigo e, sendo assim, ele iria sentir culpa por tudo que tinha acontecido. Era algo difícil de dizer a ela – que ela não deveria carregar aquilo – eu sabia, mas aquela não era, de fato, uma responsabilidade que ela devesse assumir. Mas ela iria se culpar. E nisso eu a entendia. Muito.

“Oh, Roza. Não. Você tomou umas decisões ruins... você deveria ter nos contado para onde você estava indo... mas você não pode se culpar por não ter feito isso. Não foi você que o matou.”

Ela voltou a me olhar e seus olhos estavam rasos de lágrimas, deixando claro que aquele assunto ainda doía muito nela.

“Mas é como se eu tivesse matado. Ele foi para lá – por minha causa. Nós brigamos... e eu contei para ele sobre Spokane, mesmo depois que você me pediu para não contar...” Sua voz era trêmula e ela começou a chorar. Com a minha mão livre, eu limpei as lágrimas do rosto dela. Ver Rose chorando era algo que mexia muito comigo.

“Você não pode se culpar por isso,” eu lhe falei gentilmente. “Você pode se arrepender pelas suas próprias decisões e desejar ter feito as coisas diferente, mas no final, Mason também tomou sua decisão. Isso que ele fez, foi uma escolha dele. Foi a decisão dele no final, não importa o seu papel nisso tudo.” Eu tentei soar convincente, para que ela olhasse a questão pelo lado das outras pessoas envolvidas. Ela não era a única com livre arbítrio nessa história.

“Eu só queria ter sido capaz de... eu não sei, fazer algo...” Ela tropeçou nas palavras e se levantou rapidamente, soltando a minha mão que ainda segurava a dela. “Eu deveria ir,” ela acrescentou rapidamente, se dirigindo para a porta. “Avise-me quando vamos começar a treinar de novo. E obrigado pela... conversa.”

Senti a urgência me atingir. Não tinha sido para isso que eu tinha preparado essa conversa. Eu tinha mais do que isso para lhe dizer e não podia deixá-la ir assim.

“Não.” Eu disse bruscamente. Ela me encarou e aquela velha sensação poderosa começou a surgir entre nós. Era como se ela soubesse o que eu iria lhe falar.

“O quê?”

“Não.” Eu repeti firmemente. “Eu disse não para ela. Para Tasha.”

A incredulidade tomou conta de toda a expressão de Rose. “Eu...” ela falou claramente, tentando absorver o que ouvia. “Mas... porque? Esse era mais que uma negócio, era uma vida. Você poderia ter tido um filho. E ela... ela era, você sabe, apaixonada por você...”

Eu segurei um sorriso. Era engraçado a naturalidade com que Rose lidava com isso. Ela conseguia ser madura e infantil ao mesmo tempo quando se tratava de sentimentos e isso realmente me encantava, como tantas outras coisas dela.

“Sim, ela era. E é por isso que eu tive que dizer não. Eu não podia corresponder o que ela sentia... não poderia dar a ela o que ela queria. Não quando...” Eu me levantei da cadeira e dei alguns passos na direção dela e a olhei fixamente. “Não quando meu coração pertence a outra pessoa.”

Eu sentia meu coração disparado e tive a sensação que Rose começaria a chorar de novo. Ali eu tive a certeza e que tinha feito a coisa certa. Eu jamais poderia deixá-la. Nunca poderia fazer isso.

“Mas você parecia interessado nela. E você sempre fica falando sobre como eu me comporto de forma imatura.”

“Você age como jovem, porque você é jovem. Mas você sabe coisas, Roza. Coisas que pessoas mais velhas que você não sabem. Aquele dia...” Eu me referia ao dia que ela me pressionou nessa mesma sala e que havia me beijado. Ela não podia imaginar como as palavras dela tinham remoído na minha cabeça por todo esse tempo. Ela havia dito que eu não tinha autocontrole. Que tudo era fruto de uma verdadeira batalha interior minha, e ela estava certa. Por tantas e tantas vezes eu me vi praticamente vencido pelo que eu sentia por ela e estive prestes a jogar tudo para o alto. E sempre tive que lutar contra mim mesmo para não deixar isso tudo me tomar.

“Você estava certa, sobre como eu luto para permanecer em controle.” Eu continuei. “Mas ninguém nunca notou isso, além de você – e isso me assustou. Você me assusta.”

“Porque? Você não quer que ninguém saiba?”

Eu deu nos ombros. “Se eles sabem ou não desse fato, não importa. O que importa é que ninguém – além de você – me conhece tão bem. Quando uma pessoa pode ver a sua alma, é difícil. Força você a se abrir. A ficar vulnerável. É muito mais fácil estar com alguém que é só seu amigo casual.”

“Como Tasha.”

“Tasha Ozera é uma mulher incrível. Ela é linda e brava. Mas ela não –”

“Ela não entende você,” ela me completou, me desvendando, como sempre fazia. Eu acenei.

“Eu sei disso. Mas eu ainda queria a relação. Eu sabia que seria mais fácil e que ela podia me manter longe de você. Eu pensei que ela poderia me fazer esquecer você.” Eu praticamente despejei tudo que eu guardava todo esse tempo. As palavras saíram quase sem que eu sentisse. E agora tudo parecia mais fácil. No final de tudo, era mais fácil estar com alguém que me entendia.

“Mas ela não conseguiu.”

“Sim. E, bem... esse é o problema.”

“Porque é errado para nós ficarmos juntos.”

“Sim.”

“Por causa da diferença de idade.”

“Sim.”

“Mas mais importante, porque nós vamos ser os guardiões de Lissa e nós precisamos nos focar nela – não em nós.”

“Sim.”

Ela se tornou pensativa por poucos momentos e depois me olhou profundamente nos olhos.

“Bem,” ela falou “mas pelo que eu vejo, nós não somos guardiões da Lissa, ainda.”

Eu sabia exatamente o que era certo e errado. Sabia onde isso tudo levaria e qual seria o nosso real dever como guardiões. Mesmo assim, apesar de todo senso lógico, eu segurei seu rosto e lhe beijei levemente. Era o que eu queria não só naquele instante, mas todo o tempo. Todo controle que eu tinha havia se dissipado e, logo, o beijo se tornou forte e ardente. Ele demorou bastante tempo, tempo suficiente para eu conseguir retomar um pouco do meu controle. Então eu a abracei e lhe beijei a testa, ainda sentindo todo amor que eu tinha por ela ardendo dentro de mim.

Apesar de querer muito passar mais tempo com ela, eu sabia que não podíamos, até porque, alguém podia entrar, aquele era um local comum da Academia. Então, eu me afastei dela, mas antes, passei os dedos por aqueles cabelos que eu tanto amava e pelo seu rosto, e me dirigi até a porta.

“Vejo você depois, Roza.”

“No nosso próximo treino?” ela perguntou ansiosa. “Nós vamos retomá-los, certo? Eu quero dizer, você ainda tem coisas para me ensinar?”

Eu parei na porta, olhando para ela, sorri com os pensamentos que me ocorreram.

“Sim.” Respondi. “Muitas coisas.”


FIM!!! 




5 comentários:

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    1. Ela plagiou a história, também pensei que fosse dela, recentemente, uma das minhas seguidoras me apresentou a verdadeira autora que esta querendo parar de escrever e excluir todas as histórias por causa de tipinhos como essa criatura aqui, que não tem capacidade de escrever e fica levando crédito pelo trabalho alheio. Peço por favor que prestigie a verdadeira autora e me ajude a divulgar o trabalho dela.

      PS: Segue a página da verdadeira autora com todos os livos.

      https://fanfiction.com.br/u/87279/

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  2. Lindo lindo lindo Roza e Dimitri casal perfeito

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    1. Ela plagiou a história, também pensei que fosse dela, recentemente, uma das minhas seguidoras me apresentou a verdadeira autora que esta querendo parar de escrever e excluir todas as histórias por causa de tipinhos como essa criatura aqui, que não tem capacidade de escrever e fica levando crédito pelo trabalho alheio. Peço por favor que prestigie a verdadeira autora e me ajude a divulgar o trabalho dela.

      PS: Segue a página da verdadeira autora com todos os livos.

      https://fanfiction.com.br/u/87279/

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  3. Muito feio isso querida plagiar historia alheia viu. Vou postar sua pagina em todos as páginas que tenho e que conheço relacionado a VA e vou pedir para não acessarem. E vou divulga a verdadeira autora. Coisa feia isso dá processo tá querida.


    PS: Segue a página da verdadeira autora com todos os livos.

    https://fanfiction.com.br/u/87279/

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